havia nuvens negras
sobre aquela primavera
e ela não as via
havia nuvens silenciosas
e tão negras
que a primavera se quedou
esquecida
dos seus dias
e o silêncio se virou
e colou
uniu
a primavera se adiou
mas guardou
as belas cores
de que seria
eu vi a primavera
naquele silêncio
que ouvia
esqueci as nuvens
matei-lhes a negritude
o medo
a paralisia
vi-te livre
como se vê
a cidade
sem fantasmas
que aí habitem
vi no teu olhar
a primavera
e o lugar
que para ela havia
se alguma vez eu soubesse
o que haveria de acontecer
numa esquina qualquer
da vida
saberia desse lugar
que sendo teu
em qualquer tempo
também meu seria
2020-03-31
Que tenhamos a certeza de haverá muitas e belas primaveras. Parabéns pelo poema!