há cada vez mais menos palavras
em cada instante das memórias que me ficam
marcas sobrepostas nas camadas do tempo
lembranças que vão
e vêm livres
nomes de pássaros num tronco em que pousam
ramos da vida
que a brisa sempre alerta
me faz verde sob o azul do dia
há palavras que em versos se desprendem
do chão em que vivo e morro
e se alumiam de outros sóis
quando ao silêncio da noite me recolho
há na árvore uma transparência que se lhe vê
lucidez plena da sua palavra inteira
muitos adjetivos que de um velho cepo se vão
sempre lhe deixam firme a substância das raízes
2011-08-31