sou a onda medonha
a morte encarpelada
sou o rasto de tudo
sobre um fundo de nada
sou o grão que resvala
sob uma praia inundada
sou invisível à sorte
a cada porta entrada
sou a raíz partida
de viagem sem chegada
sou uma janela do sul
a leste de cada estrada
sou chão que não me esquece
algures sob uma fogueira
sou razão que me aborda
sem ter eira nem beira
sou a rota das sedas
nos sentidos dos dedos
sou apenas o pó
que de uma estrela resta
chove-me no coração
a tua mão deserta
2017-05-30