nasceu aos gritos sem saber da liberdade
em jeito de promessa que todo o ventre faz
de sopetão cresceu sem as flores da idade
arribou a destinos que todo o tempo traz
nunca lhe ouvi das penas qualquer queixume
todas as perfídias se queimavam no seu sangue
nenhum resquício de fogueira sem lume
em manhãs acesas sobre uma luz exangue
chorava de alegria em tempos de mágoas
sem tempo para chorar promessas ardidas
sorria de acenos na margem das águas
às horas amigas do seu tempo perdidas
como sem sorte impeliu a vida
só como vida enfrentou a morte
2016-10-30