olha para ti
na jangada dos dias sem fôlego
vês a fuga dos crepúsculos
sem sombra de sonhos
e destino nenhum
e vais
indo vais
olha para ti
carregas todos teus mistérios
em alforges minúsculos
mister de uma vida algures
no deserto dos tempos
e vês
quando vês
olha para ti
não quebras na berma das brasas
a cada passo fortuito
e ouves o coração sem descanso
em que alma se busca
ouves
sim ouves
nadas tudo como sabes
e sobre a surdez do momento
já em silêncio dizes-me:
olha para ti
olha para ti
2016-08-30